sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Coisas boas em Itália : Jazz

Fim de semana, Serra da Estrela, cosa fare ?

Nu jazz italiano, sicuramente una buona scelta :

Estes


Ou estes


Ou então os dois juntos


Está oficialmente encerrado o blogue para fim de semana em sabática !

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Esquizofrenia ortográfica

Depois de Vasco Graça Moura ter suspendido o acordo ortográfico no centro cultural de Belém, eis que a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa lhe segue o exemplo num acto não só de coragem mas de afronta à estupidez humana no seu nível mais básico que de uma forma autista e ignorando toda a cátedra; personalizada pela politiquice de pechisbeque que caracteriza a nossa fauna, tentou de uma forma gratuita deformar a nossa língua.


A nobreza do acto tem múltiplas razões que o justificam; o próprio VGM enumera as mesmas aqui; aqui continua a ser desmontado o ridículo do abestalhado acordo; as pessoas já não sabem como hão-de escrever como foi focado aqui e aqui; e até do Brasil nos chega o feed-back do inepto acordo :


Soa a familiar ?

Se isto vai chegar a bom porto ? Não sei mas é bom que nos tempos que correm, alguém vá tendo a coragem de contrariar o estado de bovinidade a que vamos chegando dia após dia...

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O milagre socialista americano


A reserva federal americana (FED) quer (caso os americanos não ganhem juízo e não ponham o sr Obama na rua) desvalorizar o dolar em 33% nos próximos 20 anos !

Como, pela via da inflação pois claro, vão-se aumentando os preços às coisas e já agora diminuindo os salários aos americanos !

É que o milagre do santo Obama da diminuição do desemprego está a ser feito por baixo, ou seja, diminuem os empregos da classe média e aumentam os empregos pouco especializados e mal pagos; enganando a estatística.

Se por um lado desce o desemprego, por outro desce o salário nominal ou seja o valor do salário em função do poder de compra.

E porquê ? Porque assim não têm de aplicar a austeridade como fazemos nós ou seja, em vez de corrigir o problema diminuindo a dívida, empobrecem os americanos a longo prazo para favorecer as exportações pela via da desvalorização da moeda.

Todos criticam a austeridade na Europa e pregam os milagres Keynesianos do santo Obama, no fim o panorama é este, em 20 anos os preços com este ritmo, estarão 50% mais elevados para os americanos em relação aos seus salários, comparando o cenário daqui a 20 anos ao tempo actual.

Milagres desses, não muito obrigado. Cada vez mais me convenço que os Alemães vão sendo dos poucos que ainda percebem de economia no meio desta maralha toda !

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Porquê devemos dar ouvidos à Alemanha

Criou-se um mito, falso aliás, como o refere um dos "gurus" do Keynesianismo o Paul Krugman, professor de Princeton e Nobel da economia que se o estado em vez de pregar a austeridade começar a endividar-se para injectar dinheiro a rodos na economia a mesma irá invariavelmente crescer e que esta é a única solução, chamando inclusivamente de estúpido a quem tiver a ousadia de contrapor esta teoria !

O que por essa blogosfera fora tem sido pregado, pressupõe que a austeridade falha como solução para reequilibrar a economia, e que ao invés disso, o governo deveria endividar-se para artificialmente fazer crescer a mesma, como ? Fazendo obra (TGV's aeroporto de Alcochete, novo travessia sobre o Tejo, etc.). Essa foi a política do socratismo que invariavelmente nos trouxe aqui, porquê ? Porque quando a nossa dívida se tornou impossível de financiar os juros dispararam e aí tivemos de recorrer ao exterior. A austeridade é dura e custa a todos, sim, mas é a única solução para resolver o problema de vez, devolvendo o país à economia real e isso é o que uma boa percentagem da população parece que se recusa a aceitar.

Quando a economia se degrada a solução é simples, o governo tem de gastar menos. Os governos não são produtivos, os governos retiram recursos ao sector produtivo sob a forma de impostos e redistribuem os mesmos, e normalmente de uma forma má e porque não dizê-lo, de uma forma corrupta, beneficiando clientelas que se alimentam do corporativismo que orbita em torno do orçamento de estado.

Se o governo não cria mais valias, apenas redistribui o dinheiro e mal, porque carga de água queremos que o governo, durante uma recessão económica como aquela em que vivemos gaste ainda mais dinheiro ? Para o fazer o governo ou se endivida a juros altíssimos ou aumenta brutalmente os impostos a quem ainda tem algum dinheiro ou seja, a quem trabalha, impedindo que esse dinheiro seja utilizado por exemplo, na indústria para melhorar as suas condições de competitividade, criando emprego e auxiliando a economia a encontrar um ponto de equilíbrio.

O problema que temos hoje é precisamente a dificuldade em aceder ao crédito externo para financiar a nossa economia, pensar que aumentar impostos, mesmo que seja aos muito ricos, vai resolver os problemas não faz sentido nenhum, até porque está sempre latente a lógica da distribuição. Se o governo tirar dinheiro ao José que é rico e o der ao João que é pobre não aumenta o crescimento económico do país, apenas prejudica o José para beneficiar o João, pior, vai fazer com que o José procure ser contribuinte num  pais fiscalmente mais agradável permitindo que o dinheiro abandone o país pela via da extorsão fiscal. Estas medidas servem apenas para aumentar a popularidade dos políticos, no entanto não corrigem os problemas que temos a nível macroeconómico, o que nós necessitamos é que tanto o José como o João criem riqueza, o José com investimento e o João com trabalho, de preferência na exportação, permitindo a que o país compre menos do que aquilo que vende criando o que de verdade resolve o nosso problema, ou seja, um saldo positivo !

Moral da história, o estado andou anos a gastar o que não podia e isto tem de acabar; o estado tem de cortar e muito, e a economia tem de crescer pelo lado do sector privado, o qual, mesmo neste pântano financeiro tem conseguido por incrível que pareça aumentar as suas exportações.

Os privados já provaram que são muito mais competentes a gerir que o estado e as clientelas corporativas do costume, com poucos recursos criam riqueza e emprego; está na hora de começar a cortar despesa, baixar os impostos e deixar as coisas funcionar; quem vive do estado e dos partidos que se lance à iniciativa privada e que nos alivie os bolsos. Está na hora de experimentarmos um estado verdadeiramente liberal !

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Relatos de fim de ciclo - Parte II : Como chegamos aqui ?





Aqui, iniciei um pequeno exercício sobre o situacionismo actual e sobre o que dele penso.

Nesta segunda parte do artigo tentarei explorar como aqui chegou Portugal..

Durante alguns anos, vivemos sob a alçada do guarda-chuva dourado que foi a zona Euro. A moeda forte à sombra da qual relaxadamente ignoramos todos os sinais do que se avizinhavam parecia imune a tudo. Desde os tempos áureos do cavaquismo se construíram neste país à beira mar plantado inúmeras auto-estradas, escolas, universidades, hospitais, subiram-se salários, pensões; estávamos a entrar finalmente no fim da ressaca do 25 de Abril e a colher frutos da tão almejada democracia ocidental pela qual já berrávamos desde os tempos talvez de Fontes Pereira de Melo. Foi precisamente nesse período, na regeneração portuguesa no terceiro quarto do sec. XIX que Portugal depois de viver sob o jugo do absolutismo, seguido pelo domínio Inglês, seguido de duas guerras civis; finalmente respirava o doce ar do progresso, alavancado em obras públicas, o que hoje se chama de mais ou menos "keynesianismo".

Curiosamente (ou talvez não), para que esse progresso fosse atingido, a coroa portuguesa contraiu dívida, em particular junto do seu velho aliado inglês, dívida essa que atingindo a sua maturidade não foi possível pagar atingindo literal e oficialmente a bancarrota em 1891.

Mais de 30 anos de investimento público e economia intervencionada pelo estado, levam-nos hoje a uma situação idêntica; o tal guarda-chuva dourado da zona Euro não resistiu à pressão da crise do subprime americana que levaria à quebra da economia mundial em 2008 com a falência do gigante Lehman Brothers e com a nacionalização de alguma banca do crédito hipotecário americana.

Pela primeira vez na história, ser da zona Euro já não bastava para se ter credibilidade nos mercados de investidores, a solvabilidade dos países começou a ser levada em conta, até porque o eixo franco-alemão, começou a exigir dos seus congéneres Europeus rigor nas contas, coisa que para Portugal tinha sido completamente estranha em particular nos ruinosos anos de governação socrática !

Portugal, que nos anos áureos do "keynesianismo" cavaquista até tinha conseguido atrair algum investimento exterior (a Autoeuropa será o seu exemplo mais feliz), acreditou que os anos dourados durariam para sempre, e nos anos do guterrismo foi pródigo em fazer crescer substancialmente o estado social, criando despesa a um ritmo que o PIB não conseguia acompanhar, sem que isso fosse acompanhado por um crescimento sustentado da economia, ou seja, o ciclo começou a inverter. Foi nos anos 90 que a Europa abriu as suas fronteiras a leste, a vantagem da mão-de-obra barata portuguesa gradualmente começou a desaparecer não só vitima dos preços mais baratos a leste como também duma gradual deslocalização da máquina produtiva ocidental para os países asiáticos.

Portugal dessa forma, começou a tornar-se caro para produzir, perdendo assim gradualmente o investimento exterior, para piorar as coisas foi pródigo em investimentos de utilidade duvidosa como as várias PPP's, auto-estradas, estádios de futebol, aeroporto de Beja, etc.que geraram uma dívida que hoje nos custa a pagar só em juros cerca de 8.000 M€ !!!!!!

Somando isso ao aumento do preço do petróleo, e ao investimento ruinoso em eólicas, energia que para ser viável tem de ser subsidiada pelo estado, Portugal atingiu um ponto de roptura onde foi necessária intervenção externa por parte da UE, BCE e FMI, a famosa Troika !

Resta-nos corrigir os gastos insustentáveis do passado controlando a dívida e reformando a estrutura do estado, baixando os salários nominais; e fazer crescer a economia, para paulatinamente reverter o ciclo negativo em que estamos, reconquistando a confiança dos mercados.

No fim disso tudo, temos também de ser sibilinos e esperar um milagre, ou seja, que a UE e o BCE ou nos troquem os nosso títulos de dívida de qualidade duvidosa e que pagam juros altíssimos por títulos de dívida Europeus (Eurobonds), ou que injectem liquidez no mercado para fazer crescer a indústria exportadora; e resta-nos esperar que isso traga confiança aos mercados, de forma a que os mesmos nos aliviem os juros, libertando-nos das amarras da Troika e dando-nos a autonomia suficiente para voltarmos a ser um país credível no plano financeiro mundial.

CONTINUA...

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

31 de Janeiro de 1891

Ressuscito aqui um meu antigo post do meu antigo blogue, actualizado nas datas

Passam hoje 121 anos da data do golpe revolucionário republicano que opôs algumas centenas de revoltosos liderados por sargentos e cabos do exército às forças da coroa Portuguesa numa tentativa de instaurar a república em Portugal.

Há quem defenda que tal revolta se deveu em grande parte à questão do mapa cor de rosa e às pretensões da coroa de anexar os territórios situados na zona intermédia entre a costa do Atlântico e do Índico de Angola a Moçambique, as quais falharam redondamente resultando num ultimato por parte dos Ingleses a entregarem os territórios anexados sob pena de corte de relações e possivelmente conflito armado.

A meu ver a questão do ultimatum foi uma falsa questão, no fundo foi uma tentativa de empolar a rebelião transformando, à imagem do 25 de Abril de 74, uma revolta cuja verdadeira índole era uma questão de promoção na carreira dos quadros médios do exército, numa revolta nacional com o intuito de instaurar a república por motivos mais altruístas.

Na verdade, o Partido Republicano tinha a sua força em Lisboa, era aí que se sediavam a carbonária e a maçonaria e eram aí que nasciam todos os focos de revolta, aliás foi aí que se perpetrou o regicídio, a norte, a república nunca reuniu uma simpatia bastante para capitalizar um golpe com consequências tão drásticas e para mais na sequência de um ultimato Inglês, povo com que o norte de Portugal sempre manteve relações comerciais pela simples razão de que eram Ingleses a maioria dos interesses na produção e comercialização do vinho do Porto aliás Basílio Teles referiu-se ao Porto como uma "feitoria Inglesa".

Mesmo após a instauração da república, foi sempre a partir do norte que Paiva Couceiro investiu com o intuito da restauração da monarquia, foi no Minho que se deu a revolta da Maria da Fonte com o rastilho das reformas de Costa Cabral numa população claramente miguelista e partidária do seu absolutismo.

Quais foram então as razões que levaram à revolta em 31 de Janeiro ?

O Porto como aliás é sabido, é liberal desde à muito tempo, na guerra civíl, o Porto resistiu sob a forma de cerco às tropas absolutistas de D Miguel lutando ao lado de D Pedro IV e a monarquia liberal que se vivia no fim do sec. XIX enquadrava-se perfeitamente no modo de vida da cidade.

O Porto desde sempre foi também um alvo apetecível para legitimar todas as pretensões de revolta em Portugal, aliás foi no Porto que se deram os maiores passos na luta contra a tirania em particular nesse tempo :

- Foi assim em 1820, para expulsar os ingleses e obrigar a corte a voltar do Brasil.
- Foi assim em 1826 para proclamar a Carta Constitucional.
- Foi assim 1833-4, quando se expulsou D. Miguel.
- Foi assim em 1836, quando se fez a revolução de Setembro.
- Foi assim em 1846, quando se deitou a terra o Cabralismo.

Participaram nesta revolta reza a história três oficiais superiores do exército, o capitão Leitão, o tenente Coelho e o alferes Malheiro, a revolta foi essencialmente perpetrada por cabos e sargentos, aliás, desde 1911 que 31 de Janeiro é declarado o dia do sargento. Os motivos são os clássicos, melhores salários e melhores condições na progressão das carreiras, os sargentos acreditavam que só pela via da revolução poderia ser terminada a monarquia, e com ela todos os privilégios que parecia que não eram extensíveis a todos os cidadãos portugueses de todas as classes.

Há que destacar alguns factos de grande importância histórica do 31 de Janeiro, foi a revolta do Porto que deu as cores da república à bandeira Portuguesa, o vermelho e o verde eram as cores do centro republicano federal do Porto, e foi com esse esquema cromático que a primeira bandeira republicana Portuguesa foi hasteada na câmara municipal da cidade. Foi sob estas cores que no Porto morreram os primeiros combatentes pela causa e foi causa bastante para serem estas as cores adoptadas para figurarem na bandeira do país no pós 1910.

Foi também com o 31 de Janeiro que foi indicado o caminho a seguir pelos republicanos, com a revolta ficou patente que nunca pelo sufrágio ou pelo evolucionismo se poria fim à monarquia, foi com esta fractura que se ensaiou o caminho para o 5 de Outubro.

Foi também ao som da "Portuguesa" mas na sua versão original "contra os Bretões marchar, marchar" que as tropas revoltosas iniciaram a sua luta sendo daí que tenha partido a adopção da música que mais tarde se viria a tornar no hino da pátria.

Foi no final uma revolta útil que embora tenha iniciado como uma espécie de golpe sindical armado serviu de exemplo para fazer sair dos gabinetes para a rua os pensadores da república.

No meu ver, este caminho para o fim da monarquia só ficou manchado pelo regicídio e pela brutalidade presente no acto; no fundo serviu para legitimar um movimento que se viria a revelar despótico e anarca às mãos de Afonso Costa por mais de vinte anos numa sucessão de governos, crises e golpes de estado, tendo como os seus episódios mais negros a entrada de Portugal na grande guerra e o assassinato de Sidónio Pais, culminando no Estado Novo de Oliveira Salazar.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Relatos de fim de ciclo - Parte I : O fim das vacas gordas

Lembram-se deste Portugal, aquele dos anos 80 ?

Eu lembro.

Tenho 35 anos, sou de Gaia e lembro-me perfeitamente. Os meus colegas chamavam-me de "rico", porquê ? Os meus pais tinham 2 carros, até chegaram a ter três : Um luxuosíssimo R5, uma Fiat Mirafiori e uma Dyane, carro esse que era uma espécie de mascote da família, foi o primeiro da minha mãe, já ela dava aulas, e teve de ser vendida por falta de espaço; tínhamos uma casa, o meu avô trabalhava no Canadá, os meus pais frequentaram o ensino superior e eu estava a ingressar no ensino público depois de ter feito o primário num colégio salesiano.

Visto à distância de 25 anos, parece ridícula essa definição de "rico", qualquer família tem dois carros, bem esse que se tornou "barato" quando comparado no tempo, já muitos frequentam o ensino superior, toda a gente tem acesso a bens particularmente escassos nesse tempo, a tecnologia banalizou-se, compram-se acessórios que custam o preço de um ou mais salários com relativa frequência e tudo graças ao facilitado crédito que pariu os tempos modernos em que vivemos.

Mas não, não é ridículo. A grande maioria dos meus colegas, findo o 6º ano já trabalhavam em fábricas ou nas obras, com idades a rondar os 14 anos; os pais tinham motorizadas (quando tinham), o supermercado era um luxo, e o consumismo era uma coisa com que se sonhava. Ter um computador, um aparelho de música, uma bicicleta era privilégio de uma fatia relativamente escassa da sociedade, quando levava alguns colegas para minha casa para jogar computador (tinha um Spectrum +2) a visão daquela máquina estranha era algo de alienígena para alguns, algo que sabiam que nunca iriam ter.

Lembro-me que era algo que me chocava profundamente, nunca vi justiça no facto de ter mais que muitos outros, trazia-me um desconforto grande essa situação, que me levava a omitir alguns brinquedos que tive.

Mais me choco agora, tantos anos depois, quando troco impressões com amigos sobre esses tempos e penso que desperdicei os sonhos de muitos, um deles foi a música, estudei piano 5 anos, o meu pai ofereceu-me um órgão, custou aquilo 60 contos em moeda antiga, há 25 anos; serviu de prateleira no meu quarto até se desconchavar todo...

Aprendi a dar valor ao que tive quando senti a dura realidade da vida, aprendi também a valorizar os meus pais por me quererem dar o produto dos seus sonhos, uma educação completa e uma infância cheia; mais valor dou agora quando olho para o futuro e começo a compreender que este oásis de crédito que tivemos a partir do fim dos anos 80 não passou de uma bolha que nos vai rebentar na cara e que nos vai tirar à bruta tudo o que demos por garantido nos últimos anos, roubando à minha geração a possibilidade de retribuir nos nossos filhos, aquilo que os nossos pais tanto sacrificaram para nos dar.

Hoje o risco de falência de Portugal chegou a atingir valores acima de 74%, a contagem fechou em cerca de 70%; se nos quisermos libertar das amarras da Troika e recorrer ao mercado externo, pagamos hoje mais de 15% pela nossa dívida a 10 anos e mais de 20% pela nossa dívida a 5 anos.

O mundo aposta numa de duas coisas, ou que entramos em incumprimento e deixamos de pagar; ou que não somos capazes de sobreviver sem a ajuda do FMI e que em Setembro de 2013 (quando acaba o plano de resgate da Troika) teremos um novo resgate. Qualquer um destes cenários vai-nos mergulhar numa viagem no tempo, aos nossos anos 80, os anos da motorizada, dos carros velhos e do contar tostões !

Se saímos do Euro, a nova moeda irá desvalorizar de forma abrupta (talvez mais de 30% numa fase inicial), os nossos salários irão manter-se, mas agora na nova moeda; por outro lado e como importamos 70% dos produtos que consumimos, continuaremos a pagar os produtos em Euros lá fora, mas desta feita com uma moeda a valer menos 30%. Com os mesmos salários façam as contas, se hoje o dinheiro não chega para poupar, amanhã não chegará de todo para viver, e cortes de 30% no orçamento de uma família são muito dolorosos ! Acreditem que esta possibilidade é muito real !

O outro cenário é a manutenção do Euro; como falei acima, um segundo resgate para o ano que vem é inevitável. Com o incumprimento ou "default" da Grécia, os investidores vão perder muito dinheiro, cerca de 50% do total emprestado à Grécia que ronda os 200.000 M€, uma enormidade; metade deste dinheiro é devido a entidades externas ao país, ou seja, investidores do mundo inteiro vão perder cerca de 50.000 M€, na sua maioria sob a forma de fundos e outros produtos financeiros. Com este colapso, o dinheiro ficará inevitavelmente mais caro, é por isso que as agências de rating estão a exigir juros cada vez mais altos para comprar dívida, pois o risco aumentou de forma dramática.

Portugal tem, ao contrário da Grécia, alguma indústria que exporta, isto dá-nos uma luz ao fundo do túnel, no entanto produzimos muito menos que os nossos parceiros do 1º mundo e com o Euro os nossos salários tornaram-se caros para o que produzimos, e antes de me insultarem lembrem-se dos anos 80 e do que ganhávamos !!!! Com isto perdemos competitividade, como a ganhamos de volta ? Não é nada fácil...

No tempo dos escudos, se queríamos vender mais imprimia-mos moeda, ela perdia valor, os nossos bens tornavam-se mais baratos e aumentavamos as exportações melhorando a balança comercial.

Outra táctica era aumentar as taxas alfandegárias (lembram-se das fronteiras ?), assim, os consumidores compravam mais internamente pois os produtos externos inflacionados pelas altas taxas encareciam muito; agora não há nada disso, a moeda é comum e as fronteiras caíram ! Como fazer ?

Há uma solução, baixar salários ! Já perdemos cerca de 10-15% com os cortes dos subsídios de Natal e férias (para o ano são os privados, vai uma aposta ?) mas não chega, ouviram bem, NÃO CHEGA !!!!

Quem o diz é Paul Krugman, o professor de Princeton (a tal universidade que é a melhor do mundo) que até é prémio Nobel da economia e tudo... Krugman diz que os salários, para Portugal voltar a ser competitivo deveriam descer mais 20%, leram bem, 20% !!!! Além disso defende que a inflacção deveria andar pelos 4%,isto significa que para invertermos o ciclo, precisamos de ganhar menos 30 a 35% e pagar as coisas mais caras 4% !!!!!!

Lembram-se da motorizada ? Mais vale começarmos a perder a vergonha e ir treinando como se anda naquilo...

Ou então, fazemos como os nossos avós e emigramos !

CONTINUA...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Jogo de nervos


As apostas na incapacidade de Portugal regressar aos mercados ganham cada vez mais força à medida que o prazo se encurta para o próximo pagamento grego em Março próximo, onde o mundo financeiro aposta firme no incumprimento.

É precisamente no médio prazo que os mercados mais penalizam os juros das obrigações portuguesas, o gráfico abaixo mostra o valor acima dos 21% para as obrigações a 3 anos; pois é no médio prazo que maior parte da nossa dívida atinge a maturidade devendo ser liquidada.
As metas do défice português têm sido sempre corrigidas em alta, a recessão tem diminuído as receitas dos impostos cobrados pelo estado; por outro lado temos 38 câmaras municipais em situação de falência eminente, temos os contratos das PPP's que se têm revelado ruinosos, temos a TAP, CP, RTP, CARRIS, METRO, etc. em estado de prejuízo permanente e temos uma banca fortemente endividada e que é pressionada para manter as despesas desses elefantes brancos em dia, até quando ?

No dia em que a banca cortou o crédito ao governo socialista o mesmo caiu, o dia em que a banca cortar o crédito ao tecido empresarial público também não deve andar longe, e quando isso acontecer, é o estado que tem de assumir essa mesma dívida e aí, os valores do défice irão sofrer uma subida vertiginosa, afastando-se das metas previstas pela UE.

O estado por isso vê-se obrigado a agarrar a única saída que têm, confiar cegamente nas imposições da UE na esperança de apanhar a boleia do resgate Europeu que talvez ainda possa por aí vir... Como ? Austeridade pois claro, já cortaram os salários, já obrigaram as pessoas a trabalhar mais horas, vão reduzir o nº de autarquias, estão a privatizar, aumentam os impostos e eventualmente vão despedir gente em massa na função pública no próximo ano !

O problema é que a economia contrai e não cresce, pior, decresce, diminui a receita e assim o valor dos cortes é absorvido pela diminuição da receita, é um pouco como pescadinha de rabo na boca...

Só exportando é que Portugal resolve este problema, melhorando a sua balança comercial; o peso das exportações representa cerca de 30% quando deveria representar cerca de 50% e para atingirmos este tipo de números necessitávamos de umas décadas, pois não temos riquezas naturais apenas o nosso engenho, e até esse está em rota de emigração incentivado inclusivamente pelo governo o qual não tem alternativa credível para contrariar esse estado de coisas !

Precisamos urgentemente de um plano que recupere a nossa economia pelo lado dos incentivos à exportação e pela valorização do "compre o que é nosso", precisamos também de ter uma sorte imensa, presisamos que a Srª Merkl aprove um plano de resgate europeu em massa como as Eurobons por ex., e precisamos que os mercados reajam de forma positiva e imediata a esse resgate.

Em Setembro de 2013 acaba-se o timing do resgate do FMI, findo esse timing temos de regressar aos mercados externos para vender a nossa dívida; a fronteira que possibilita esse tipo de financiamento coloca os juros a cerca de 7% no máximo; se fossemos hoje aos mercados iríamos pagar mais de 20% no médio prazo e 15% no longo prazo... Ou seja, é quase inevitável uma 2ª vinda do FMI, com mais austeridade e mais sacrifícios, tudo isto com um tempo muito para além de 2013...

A alternativa que muitos apregoam, não pagar, nem pode ser considerada; todos os agentes financeiros públicos entrariam em colapso, o estado teria de se endividar a juros pornográficos para assumir os prejuízos, tudo isso num contexto de desvalorização da nova moeda muito provavelmente superior a 30% o que precipitaria o Banco de Portugal a emitir mais moeda, colocando a inflação em valores que víamos no Brasil e na Argentina há 15 anos... Era a fome meus amigos, literalmente !

Esqueçam a austeridade conforme a conhecem hoje, se perdemos o Euro, transformamos-nos numa Albânia !!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Nem todas são más notícias !



Aprendimos a quererte
Desde la histórica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso un cerco a la muerte...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Rien ne va plus !


TENHAM MESMO MUITO MEDO...

 "Esqueçam a Grécia. É Portugal que vai destruir o euro"

"Quem o diz é Matthew Lynn, antigo colunista da Bloomberg News, sublinhando que Portugal voltará a ter um importante papel no palco mundial. Mas pela negativa."

A OCDE previa para Portugal este ano uma contracção da economia de 3,2 %

O Citigroup prevê para este ano uma contracção de 5,7% e de mais 3% para 2013...

Isto significa que a Austeridade está a ser absorvida pelo encolhimento da economia, ou seja, quanto mais dinheiro nos tiram menos gastamos, mais encolhe a economia e mais aumentam os nossos juros da dívida; ou seja, quanto mais o estado corta mais se enterra !!!!!

Os juros da dívida portuguesa continuam a bater recordes, com a maturidade de 5 anos em 19,1, ou seja, no curto prazo temos um risco de falência muito significativo, acima de 67%; e isto não são ataques injustificados das agências de rating, isto é o resultado de quase 40 anos de socialismo rosa ou laranja, gerador de despesa e cobrador insaciável de imposto, que atrofiou a economia e a cozinhou em lume brando até ao colapso final !

Nestas condições é difícil que Portugal se mantenha no Euro, mesmo com as Eurobonds; o governo tem um espaço de tempo ridiculamente curto para fazer crescer a economia e as exportações, nesta altura vale tudo, lamber as botas aos angolanos, crucificar os direitos dos trabalhadores na concertação social, exportar pasteis de nata, o que seja.

Eu não sei se quem me lê compreende o que significa sair do Euro... aqui podem ler uma amostra !

Não se esqueçam que importamos quase tudo o que consumimos...

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Uma questão de estética que faz toda a diferença


Abrasileirar o Português ou aportuguesar o dialecto brasileiro cria uma incongruência na língua impossível de contornar.

As letras mudas fazem toda a diferença na forma como interpretamos as palavras que lemos, assim como na fonética das mesmas.

Abaixo, e de uma forma muito simples, o Professor António de Macedo explica isso mesmo :

O iluminado legislador que produziu a novo AO parece ignorar a tendência fonogrâmica das línguas, a inevitável “colagem” da letra à fonética. Quando vejo escrito, como agora, conceção e receção, por exemplo, a minha tendência é pronunciar como concessão e recessão… A tendência fonogrâmica do português brasileiro é abrir os sons, ao passo que a do português de Portugal é fechá-los. Por isso a grafia constitui uma marca distintiva fundamental. Por exemplo, o novo AO quer que se escreva afetar e adotar, tal como no Brasil, em vez de afectar e adoptar. Com ou sem as letras aparentemente mudas como o “c” ou o “p”, o brasileiro pronunciará sempre àfètár e àdòtár, ao passo que português sem o “c” e sem o “p”, terá a tendência fonogrâmica de pronunciar âf´tár e âdutár. Se passo a escrever correto em vez de correcto, terei tendência, enquanto português, para pronunciar kurrêto, como em carreto ou coreto…

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A Rainha de Belém

com os cumprimentos do pessoal do wehavekaosinthegarden

Inspirou-me outrora este homem; reformista, activo, sempre com aquela aura do sábio professor, catedrático em Economia que "nunca se engana e raramente tem dúvidas", votei nele, aliás, foi o primeiro homem em que votei, fiz campanha por ele e fui um acérrimo cavaquista. O PSD para mim era ele, foi aí que fiz escola política, desde a concelhia de Gaia à distrital do Porto das quais integrei as respectivas comissões políticas da "Jota"; até aos órgãos nacionais que integrei ligados ao ensino secundário, teria eu os meus 17 anos.

Hoje sinto que adorei um santo com pés de barro, uma miragem de um homem impoluto e inatacável cuja imagem ficou manchada pelo circo das escutas a Belém, pela ligação indirecta ao BPN não só pelos seus homens de mão (um deles conselheiro de estado) mas também pelo favorecimento na compra de acções da SLN; pelas aldrabices da casa da Coelha e agora por um afastamento tão gritante à sociedade a que preside marcado pelo ridículo quando afirma que com os seus rendimentos não paga as despesas; ele que vai usufruir dos subsídios de férias e de Natal pela via da sua reforma dourada do Banco de Portugal, entidade sibilina que passa pela crise como gotas de chuva pelas palmas da mão !

Caio em mim e fico a pensar que afinal o mito de cavaco não é mais que isso, alguém cujo afastamento da realidade que o rodeia é tão acentuado que nem tem noção do quanto insulta quem faz diariamente contas à vida para fazer face a coisas tão essenciais como alimentar um filho pequeno ou pagar a renda da casa ou reinventar uma forma de se deslocar tendo em conta o aumento dos custos da mobilidade, etc., etc.

Cavaco, que passou ao lado da ruinosa governação do pior 1º ministro da história, continua a ser um "biblot" tão inútil como aquele da foto acima que inspira a caricatura. É um presidente caro, quando fala roça o banal, e frustra todas as esperanças dos que nele votaram (eu incluído) por não ser aquela figura sábia e paternal que no fundo todos esperamos que fosse !

Eu sou presidencialista, acredito que o modelo actual gera presidentes da república inúteis que só servem para gerar despesa; esperei que este homem, pela força que teve outrora mudasse o rumo à função decorativa presidencial; não só não mudou como mais valia que tivesse calado.

Não sou daqueles que exigem demissões de políticos a torto e a direito, que acabe o mandato, mas que se mude a constituição, de forma a acabar de vez com estas figuras decorativas, mestres do dislate e do banal, que nos entram pela casa a dentro através da televisão só para nos fazer lembrar o quão imbecis podemos ser por neles termos votado !

Quanto ao resto. deixei de acreditar em heróis ou timoneiros, no fim sobra-me o niilismo, não consigo encontrar no meio desta panóplia de cabotinos um que espremido dê pelo menos umas gotas de sumo !

Enquanto o Álvaro sonha com os pasteis de nata


O nosso Álvaro que até tem uma ideias, é ler o blogue dele (parado desde que foi empossado ministro), falava e bem na necessidade de internacionalizar para nos safarmos deste buraco em que estamos enfiados.

O nosso Álvaro esquece-se é que para internacionalizar são necessárias duas coisas : empreendedorismo e condições fiscais; quanto à primeira, depende mais dos nossos empresários; para internacionalizar é necessária competência e seriedade, ser vígaro ou chico-esperto levou muitos empresários à falência nesta terra, muitos desses chicos-espertos partiram para o Brasil ou para as Áfricas com a demanda de repetirem as boas práticas de vigarice que os levaram à insolvência neste país, a esses agradecemos que fiquem cá !

Quanto às condições fiscais, aí o governo já tem uma palavra a dizer, o chico-espertismo socialista da dupla tributação já deslocalizou muitas empresas, cobrar impostos em demasia, muitos deles de forma injusta tem consequências e o facto do estado gordo querer ser sustentado nas suas extravagâncias dá razão ao ditado de quem tudo quer tudo perde, quem ganha até tem sido a Holanda que já acolhe as sedes de 19 das maiores empresas do PSI20.

Angola é um dos países que pelo seu ritmo de crescimento e abundância em riquezas naturais tem proporcionado condições extraordinárias à internacionalização; é um dos poucos países onde Portugal tem uma vantagem clara em relação aos outros, tem poucos quadros superiores, está em reconstrução após uma guerra civil de 3 décadas, e tem uma ligação histórica e afectiva muito forte ao nosso país.

Esperemos que o estado socialista, com a sua ganância de cobrar impostos a torto e a direito não desperdice a última oportunidade que temos para sermos um país, os angolanos não andam a dormir e já avisaram para a situação !



É isto sr. ministro, não são os pasteis de nata, é isto que o sr. tem de fazer !

Macau... Somos nós !



Leitura complementar aqui

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Haja vergonha...


O mesmo ministério que tira os subsídios de Natal e de férias aos professores, inventa uma artimanha para manter os mesmos subsídios aos boys e girls. Como o faz ? Chama-lhes "ABONO SUPLEMENTAR" isso mesmo, abono suplementar, pago duas vezes por ano em Junho e Novembro, coincidências...?

A destinatária é uma "girl", Helena Mendes, e apoia a rede informática do governo.

Não acreditam, então leiam :

 Para este post específico, o Faroleiro autoriza a utilização do vernáculo na caixa de comentários !

Pelos vistos alguém teve vergonha e entretanto publicou um remendo :

Despacho n.º 793-B/2012
É aditado ao despacho n.º 774/2012, publicado no Diário da República,
2.ª série, n.º 14, de 19 de janeiro, o n.º 6 com a seguinte redação:
«6 — A aplicação do disposto no n.º 3 do presente despacho encontra -se suspensa durante a vigência do Programa de Assistência Económica e Financeira, nos termos do artigo 25.º da Lei n.º 64 -B/2011, de 30 de dezembro.»
19 de janeiro de 2012. — O Secretário de Estado do Ensino Superior,
João Filipe Cortez Rodrigues Queiró. — A Secretária de Estado da Ciência, Maria Leonor de Sá Barreiros da Silva Parreira»

E assim se fazem as leis em Portugal, a forma muito pouco honesta como os meandros de poder criam diplomas por medida diz muito sobre este país...

Estava escrito nas estrelas...

A 22 de Dezembro do ano passado, escrevia eu no meu mural do facebook :

" E o vencedor é... A China !

1º Passo : EDP - por 2.700M€ compra 21.35% da falida EDP e entra como player no mercado energético europeu, como bónus herda a tecnologia das renováveis para a exportar para a China, recorde-se que a China é o maior comprador mundial do ouro negro e as energias renováveis aliviam-lhe a balança comercial !

2º Passo : Compra a REN e liga-se à Europa.

3º Passo : Compra Sines e passa a deter um porto de águas profundas no país mais ocidental da Europa; constrói uma mega-zona de armazéns e resolve o seu problema de "Just in Time" criando um entreposto ligado à Europa pelo TGV de mercadorias.

4º Passo : Compra um grande banco português para gerir os fluxos de capital.

Moral da história, agora Macau somos nós o que pode até nem ser assim tão mau ! 

Se não nos safamos com o Euro, sempre nos podemos safar com o Yuan !"


Já só falta Sines e um grande banco, não necessariamente por esta ordem; BCP e BPI deverão ser fundidos, o colapso da Grécia previsto para 20 de Março deverá acelerar a operação, o BES também está na corrida pois até acessorou a Three Gorges na compra da EDP, pelo preço reduzido, eu apostaria no BCP, aliás, não venderam o banco que têm na Polónia porquê ? Com fortes raízes num país em expansão, o BCP torna-se um banco mais apetecível para quem vier de fora para investir... Um excelente investimento as acções do BCP se pensarmos numa janela de tempo médio-longo !

Actualização do post :

Via O Antonio Maria publicado no facebook

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Video killed the radio star...




Fica assim para a história : "para mais tarde recordar..."

Um colosso com pés de barro

O Estado Sentido publicou um vídeo interessantíssimo sobre a próxima bolha imobiliária, precisamente na maior economia mundial, a China.

Pelos vistos, e de forma a criar um crescimento artificial, a China tem construído como nunca e ainda por cima cidades inteiras infestadas de condomínios de luxo, preparadas para milhões de pessoas; cidades essas com custos de aquisição de habitação 20 vezes superiores ao que pode pagar o chinês médio.

Isto é o fim do sonho comunista da abolição da sociedade com classes, num lado uma população que vive atafulhada em cubículos em que mal pode pagar a renda; no outro, cidades fantasma de luxo com apartamentos a atingirem os 300.000,00$ de custo num país com salários a rondarem os 5.000,00$ / ano; para comprar uma habitação é exigida uma entrada de 50% e o tempo máximo para liquidar um crédito é de 3 anos !!! Daí bem poderá surgir o colapso do regime derivado às tensões sociais provocadas por este fosso.

As cidades completamente desertas que não vendem levam a outra catástrofe, as bolhas imobiliárias que já conhecemos nos exemplos dos EUA e em alguns países da Europa como a Espanha: as casas não vendem, os investidores não recuperam o dinheiro, os bancos também não, as casas degradam-se, passam a valer cada vez menos, os títulos de propriedade são transformados em fundos de investimento que investidores externos compram a preços elevados, e quando se descobre no fim que é tudo um logro, os preços caem de forma dramática e o mundo afunda numa nova crise...

Se sobrevivermos a 2012, será que iremos sobreviver a mais esta crise que se avizinha ? Note-se que a China tem uma dimensão ciclóptica, um colapso aqui pode bem significar o fim do mundo tal e qual o conhecemos...

O que faz falta é animar a malta...


"CGTP vai avançar com processo-crime contra UGT"

Cheira a golpe palaciano com trama e enredo de faca e alguidar, João Proença afirma que foi a CGTP que "incentivou a UGT a negociar", ou seja, a CGTP armou uma "estrangeirinha" à UGT só para no fim os meter em tribunal.

Uma guerra digna d'O Reino das Berlengas, O Faroleiro vai estar atento ao desenrolar da acção ! No meio disto tudo a tal "defesa dos interesses dos trabalhadores" não passa de um "fait divers"...

O grito de António Ribeiro Ferreira n'O i



Grito inspirado pel'O Insurgente

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ou assinas, ou levas com um pastel de nata nas trombas !


"UGT tomou "opção difícil" perante "ameaças do Governo""

Falar claro


E no entretanto :


E você Srª Merkel, vai dar ouvidos ao seu compatriota "Martin Schulz", ou vai ficar a ver de fora enquanto o Euro afunda como fez o "outro !"

Em memória do nosso Rei



Um dia virás tu, numa manhã de nevoeiro...

Estava escrito nas estrelas

"2015 será o ano do equilíbrio da balança orçamental"

Hoje vou dormir mais descansado…

Deve ser do alzheimer...

Passos Coelho a 12 de Janeiro de 2012

Passos Coelho a 16 de Janeiro de 2012

Mas para apanhar o outro, este ainda tem de comer muita farinha maizena como O Faroleiro oportunamente avistou aqui

O Público esse, já não engana nem ao Menino Jesus !

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A torre de babel

Sobre o (de)sacordo ortográfico :

"A esquizofrenia é total, e os jornais são hoje mantas de retalhos. Há notícias, entrevistas ou reportagens escritas de acordo com as novas regras. As crônicas e os textos de opinião, na sua maioria, seguem as regras antigas. E depois existem zonas cinzentas, onde já ninguém sabe como escrever e mistura tudo: a nova ortografia com a velha e até, em certos casos, uma ortografia imaginária.

A intenção dos pais do Acordo Ortográfico era unificar a língua.

Resultado: é o desacordo total com todo mundo a disparar para todos os lados. Como foi isso possível?"

Oportunamente avistado aqui

Dúvidas meus senhores ?


Oportunamente avistado aqui

As agências de rating vêm o que a Europa não quer ver

Uma grande verdade aqui

"A economia alemã mantém naturalmente o triplo A, mas a grande notícia do relatório da Standard & Poors é a colocação de Angela Merkel no lixo. Nem é Portugal, ou o governo português, que são considerados especialmente maus pela agência – as políticas de Angela Merkel é que são classificadas como “lixo” e empurram Portugal para o “lixo”."

domingo, 15 de janeiro de 2012

O que nasce torto dificilmente ou jamais endireita !


Como chegamos aqui ? Há 10 anos era o início do sonho, uma moeda comum entre a maioria dos países da união europeia, forte, imune às oscilações impostas por um dólar que comandava o mundo, era a resposta económica do velho império que se assumia como uma potência, tudo um logro ? Talvez...

A economia alemã necessitava de uma moeda forte para fazer face ao mercado, e interessava a unificação monetária para permitir a livre circulação de bens, sem impostos alfandegários e taxas de câmbio. Acontece que os países não eram idênticos, as assimetrias entre as várias economias da zona eram acentuadas o que levou a que fosse cometido um erro crasso.

As moedas fracas foram de certa forma ultra-valorizadas na taxa de conversão, 200,00$ no nosso caso, veio-se a verificar que era valor a menos para pagar 1,00€, o EURO foi criado à imagem da Alemanha e a nossa economia não aguenta uma moeda forte num sistema bancário que não permite valorizar e desvalorizar a mesma moeda para diminuir ou aumentar as exportações e vice-versa para as importações, ou seja, escoar o produto da nossa indústria, fomentando o emprego.

Um pequeno exercício : Passa pela cabeça de alguém comprar um FIAT ao preço de um Mercedes ? A resposta será evidentemente claro que não, porquê ? Porque o Mercedes é melhor, a economia que o produz é mais forte, competitiva e tecnológica que a que produz o FIAT, no entanto todos compram o ferro, o alumínio, o magnésio, o petróleo etc. ao mesmo preço pois o seu preço é cotado em bolsa.

A ferramenta dos países menores é conhecida : vender barato, é a única forma de justificar a compra do FIAT pelo cliente final, é mais barato que o Mercedes.

Quando os custos de fabrico de FIATs e Mercedes se tornam idênticos,porque os preços das matérias primas são idênticos e porque a massa salarial da Itália e Alemanha se aproximam, a FIAT pura e simplesmente deixa de vender e como consequência despede gente.

Sem o EURO, poderiam desvalorizar a Lira, tornando assim com essa artimanha o FIAT mais barato, acontece que com o EURO não é possível, a competitividade assim desaparece e a Itália afunda...

Esse é precisamente o problema do EURO, é estrutural, foi mal pensado. Não se podem juntar economias fortes e fracas à sombra da mesma moeda pois os fracos perdem competitividade e os fortes dominam o mercado, como se vê no exemplo acima !

Nunca deveria ter sido feito o EURO antes de se equilibrarem as economias, e para resultar, a entrada na moeda única deveria ter sido feita de forma faseada, primeiro os fortes e paulatinamente os fracos após um investimento sério.

A Standard & Poor's sabe disso, e sabe que não se podem resolver os problemas da zona EURO sem eliminar as assimetrias. Não vale a pena matar o mensageiro; ou a Alemanha remenda a situação, com um plano de investimento nos periféricos com o fim de os aproximar da sua realidade económica, ou os vários países adoptam uma política fiscal de base comum para equilibrar os preços e o dinheiro disponível na Europa; ou então após a queda da Grécia cairá Portugal, e depois a Espanha, e depois a Itália, a Bélgica ando so on...

O fim de um ciclo em 625 palavras

“A república, enquanto coisa pública, essa abstracção feita de pedras vivas, deixa de o ser quando se perde o sentido mobilizador que leva o todo a tocar em cada um, quando os laços que nos comunitarizam enquanto povo deixam de ser sentidos como significações partilhadas. É o aparelho de poder estadual, sem aquela autoridade que vem de quem é autor, por mais poderes que tenha, jamais pode gerar comunidade.”

José Adelino Maltez – Tradição e Revolução Vol. I

Sinto que estamos a chegar ao limite desta definição de república, “rés pública” ou coisa pública, cada vez menos pública ! As gentes já não se sentem Estado, olham para ele como se de uma premissa de “alguns” se tratasse; a memória dos que tombaram contra Junot, Soult e Massena durante o domínio português do cesarismo napoleónico, a memória dos vintistas que lutaram contra o totalitarismo monárquico vigente, a memória dos cartistas que lutaram contra o totalitarismo miguelista, a memória dos setembristas que lutaram contra a arrogância dos cabrais, a memória da geração de 70 que combateu o situacionismo instalado, a memória dos carbonários da rotunda que fizeram a república em 1910 sozinhos e encurralados pelos lanceiros do Rei e pela artilharia de Paiva Couceiro, a memória dos que lutaram ao lado de Humberto Delgado, a memória dos que à direita ousaram combater Salazar como Henrique Galvão, ou à esquerda vivendo na clandestinidade isolados do mundo como tantos militantes comunistas, a memória dos que tombaram pela pátria no CEP na Flandres em 1917 e na guerra de 61 no Portugal ultramarino, a memória dos que fizeram a democracia em 74 e acabaram proscritos como Salgueiro Maia, a memória dos que implantaram a democracia em 75; a memória de todo um povo que sonhou com liberdade e acabou exactamente no mesmo situacionismo em que viveu Portugal a partir dos anos 70 do sec. XIX com o rotativismo…

Cheira a fim de ciclo, e com isso cheira à desgraça; nos fins de ciclo pululam os falsos profetas recorrentemente convertidos em déspotas totalitários, estivemos lá perto em 74 com o PREC, em todas as ocasiões referidas acima acabou assim, o povo revoltado contra os ingleses no fim das invasões napoleónicas, as guerras liberais, a Patuleia, o regicídio, a implantação da república aos tiros, o assassinato do “general sem medo”, as nacionalizações e purgas do PREC com mandatos de captura em branco e ameaça de guerra civil; e não há-de faltar muito tempo até que os ventos da radicalização, carburados pela precariedade nos levem a esse ponto.

A história é circular e nada disto é novo, ignorar a história é ignorar o futuro que está sempre à espreita e mais próximo do que muitas vezes se pensa; o colapso da moeda única e as assimetrias crescentes entre ricos e pobres podem bem gerar uma situação de implosão.

Temos de nos reinventar como modelo de sociedade, o falhanço do maniqueísmo rotativo do pós 25 de Novembro de 75 redundou no corporativismo socialista do universo das clientelas costumeiras, sustentadas pelo aparelho de estado cada vez mais vampiro do suor do nosso trabalho, esquecemos-nos do que era o liberalismo, o valor humano, o valor da iniciativa individual e a liberdade para criar e produzir; vivemos atolados em impostos e austeridade, por cada passo que damos em frente aparece sempre o “Estado dos outros” que dá dois atrás e cobra a factura a quem foi competente !

Menos Estado, menos corporativismo, menos maniqueísmo, menos situacionismo, menos nepotismo ! BASTA !

Façam-nos um favor senhores doutores de carregar pela boca e sigam o vosso conselho: abandonem a vossa zona de muito conforto e IMIGREM JÁ ! Necessitamos de um Portugal de homens grandes e o vosso tempo acabou.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Não se brinca com coisas sérias !

Ontem, em viagem ouvia eu na TSF a bomba : "França perde o rating AAA"

Ligo-me ao Facebook (A minha porta para o mundo) e lá está a confirmação, nove países sofreram um corte, sete pela agência S&P, nomeadamente o nosso, e logo em dois níveis para BB (só faltavam mesmo estes para nos meterem no "lixo" agora já está !).

Já se estava à espera disto, os sinais eram claros; as agências não estão a atacar os governos mas estão conscientes do que por aí vem em Março, a Grécia vai cair e de forma descontrolada, o Primeiro lá do sítio já tinha avisado, os Gregos ao bloquearem as reformas, o FMI não vai libertar o dinheiro (130.000 M€ !) e se os Gregos tombam, o efeito dominó é inevitável pois os mecanismos da dívida europeia estão interligados; como o BCE não pode por definição emprestar dinheiro aos estados, empresta aos bancos para estes lhes comprarem dívida (aos estados), ou seja, os credores da Grécia somos todos, cai a Grécia, cai quem não tiver fundo de maneio para aguentar os incumprimentos que daí resultarem.

O FMI já alertou para a inevitabilidade do colapso da Grécia, e as agências de rating defendem os seus clientes e aumentam o risco dos países da zona Euro, é uma reacção perfeitamente normal.

A escalada do preço dos juros tornou impossível aos países periféricos o pagamento das suas dívidas, a única solução para o imediato é emitir títulos de dívida europeus (Eurobonds) que substituam os títulos individuais de cada país de valor mediocre (os nossos por exemplo), assim, a garantia de pagamento passaria a ser mais sólida e os juros aliviavam !

A Srª Merkl diz que não, teme a inflação galopante que pode daí resultar, a questão é; hoje, dois países AAA (França e Austria) perderam essa pontuação, a crise ultrapassou definitivamente a periferia e chegou ao centro da Europa. A "estória" dos "preguiçosos" do sul da Europa é colada a cuspo, já ninguém embarca nisso, trata-se de um problema orgãnico que sim, tem de ser resolvido, e sim, a solução passa por controlar as contas e dívidas mas o que interessa é o agora :

- Ou emitem as Eurobonds, ou a sociedade ocidental colapsa, e com isso o vosso futuro e dos vossos filhos !

A Grécia hoje aqui

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Início de ciclo

Dois anos depois, acontece hoje o meu regresso à blogosfera e à escrita, bem, à escrita não é bem assim; durante algum tempo utilizei o facebook como blogue e o corolário disso foi precisamente o meu regresso !

O blogue também está no face, podem encontrar-me aqui, ou então clicam no botão correspondente da área lúdica que fica à direita.

O tema é a "Diáspora", uns sabem porquê, muitos nem tanto... Apenas vos posso prometer que a escrita irá fluir quanto baste !

O "Reino das Berlengas" é o que é, uma espécie de Tuvalu, um reino de fantasia com um contador de "estórias" e histórias que apresenta o mundo que está para além da aparência, tal como o quadro de Magritte acima, nem tudo o que parece é e por vezes a realidade está tão ao alcance dos nossos olhos que não nos deixa ver o óbvio; a figura d'O Faroleiro é mesmo isso, o meu alter ego que comunica através das redes sociais, empurrado pelo vento que passa e lido por quem lhe possa eventualmente interessar.

Sejam bem vindos