terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Uma questão de estética que faz toda a diferença


Abrasileirar o Português ou aportuguesar o dialecto brasileiro cria uma incongruência na língua impossível de contornar.

As letras mudas fazem toda a diferença na forma como interpretamos as palavras que lemos, assim como na fonética das mesmas.

Abaixo, e de uma forma muito simples, o Professor António de Macedo explica isso mesmo :

O iluminado legislador que produziu a novo AO parece ignorar a tendência fonogrâmica das línguas, a inevitável “colagem” da letra à fonética. Quando vejo escrito, como agora, conceção e receção, por exemplo, a minha tendência é pronunciar como concessão e recessão… A tendência fonogrâmica do português brasileiro é abrir os sons, ao passo que a do português de Portugal é fechá-los. Por isso a grafia constitui uma marca distintiva fundamental. Por exemplo, o novo AO quer que se escreva afetar e adotar, tal como no Brasil, em vez de afectar e adoptar. Com ou sem as letras aparentemente mudas como o “c” ou o “p”, o brasileiro pronunciará sempre àfètár e àdòtár, ao passo que português sem o “c” e sem o “p”, terá a tendência fonogrâmica de pronunciar âf´tár e âdutár. Se passo a escrever correto em vez de correcto, terei tendência, enquanto português, para pronunciar kurrêto, como em carreto ou coreto…

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