domingo, 15 de janeiro de 2012

O que nasce torto dificilmente ou jamais endireita !


Como chegamos aqui ? Há 10 anos era o início do sonho, uma moeda comum entre a maioria dos países da união europeia, forte, imune às oscilações impostas por um dólar que comandava o mundo, era a resposta económica do velho império que se assumia como uma potência, tudo um logro ? Talvez...

A economia alemã necessitava de uma moeda forte para fazer face ao mercado, e interessava a unificação monetária para permitir a livre circulação de bens, sem impostos alfandegários e taxas de câmbio. Acontece que os países não eram idênticos, as assimetrias entre as várias economias da zona eram acentuadas o que levou a que fosse cometido um erro crasso.

As moedas fracas foram de certa forma ultra-valorizadas na taxa de conversão, 200,00$ no nosso caso, veio-se a verificar que era valor a menos para pagar 1,00€, o EURO foi criado à imagem da Alemanha e a nossa economia não aguenta uma moeda forte num sistema bancário que não permite valorizar e desvalorizar a mesma moeda para diminuir ou aumentar as exportações e vice-versa para as importações, ou seja, escoar o produto da nossa indústria, fomentando o emprego.

Um pequeno exercício : Passa pela cabeça de alguém comprar um FIAT ao preço de um Mercedes ? A resposta será evidentemente claro que não, porquê ? Porque o Mercedes é melhor, a economia que o produz é mais forte, competitiva e tecnológica que a que produz o FIAT, no entanto todos compram o ferro, o alumínio, o magnésio, o petróleo etc. ao mesmo preço pois o seu preço é cotado em bolsa.

A ferramenta dos países menores é conhecida : vender barato, é a única forma de justificar a compra do FIAT pelo cliente final, é mais barato que o Mercedes.

Quando os custos de fabrico de FIATs e Mercedes se tornam idênticos,porque os preços das matérias primas são idênticos e porque a massa salarial da Itália e Alemanha se aproximam, a FIAT pura e simplesmente deixa de vender e como consequência despede gente.

Sem o EURO, poderiam desvalorizar a Lira, tornando assim com essa artimanha o FIAT mais barato, acontece que com o EURO não é possível, a competitividade assim desaparece e a Itália afunda...

Esse é precisamente o problema do EURO, é estrutural, foi mal pensado. Não se podem juntar economias fortes e fracas à sombra da mesma moeda pois os fracos perdem competitividade e os fortes dominam o mercado, como se vê no exemplo acima !

Nunca deveria ter sido feito o EURO antes de se equilibrarem as economias, e para resultar, a entrada na moeda única deveria ter sido feita de forma faseada, primeiro os fortes e paulatinamente os fracos após um investimento sério.

A Standard & Poor's sabe disso, e sabe que não se podem resolver os problemas da zona EURO sem eliminar as assimetrias. Não vale a pena matar o mensageiro; ou a Alemanha remenda a situação, com um plano de investimento nos periféricos com o fim de os aproximar da sua realidade económica, ou os vários países adoptam uma política fiscal de base comum para equilibrar os preços e o dinheiro disponível na Europa; ou então após a queda da Grécia cairá Portugal, e depois a Espanha, e depois a Itália, a Bélgica ando so on...

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